domingo, 19 de outubro de 2014

Despedida

Queridos pacientes: Gostaria de informar que tive que fechar o consultório a partir de setembro de 2014. Mas por um motivo justo e nobre - iniciei como professora de pediatria da UFRGS. O concurso exigia regime de dedicação exclusiva. Ao mesmo tempo em que realizo um sonho profissional, tenho que dizer que a interrupção do atendimento no consultório não ocorreu sem pesar. Cuidar (bem) de pacientes é um desafio diário, mas que traz grande prazer. Obrigada a todos os pais que confiaram a mim o cuidado de seus filhos(as). A convivência e os ensinamentos trazidos por vocês estarão sempre guardados em meu coração. Muitas felicidades e saúde a todos. Forte abraço, Dra. Valentina Chakr.

domingo, 25 de maio de 2014

Não, fazer a bombinha chorando NÃO é melhor.

Esse é um problema frequente em crianças pequenas. Tem muita gente que pensa que fazer bombinha (ou nebulização) com a criança chorando é melhor. Na verdade, não é. Às vezes isso representa um consolo para os pais: "Ela briga para fazer o remédio, mas é bom porque a medicação entra mais." Infelizmente, não é assim.

O que acontece no choro? O choro é composto de um processo longo de expiração (ar saindo dos pulmões) seguido por um período curto de inspiração (ar entrando nos pulmões). Não é difícil entender que a medicação só chega aos pulmões durante a inspiração. Mas, mais do que isso, essa inalação tem que ser calma, tranquila. Se ela é feita de forma rápida ou forçada, as partículas da medicação se depositam na boca ou na garganta e não chegam à via área mais inferior, onde elas devem atuar.

Vale lembrar que a criança que chora normalmente está agitada. Assim, é difícil fixar a máscara no rosto dela. Isso também prejudica a eficácia do tratamento, já que pode haver escape do remédio para o ambiente. Além disso, sem um bom selo entre a máscara e o rosto, a válvula dos espaçadores comerciais não funcionam adequadamente, o que contribui para a ineficiência da terapia.

O que fazer, então? Bom, em primeiro lugar, é importante dizer que a maioria das crianças passam a aceitar o uso da bombinha com espaçador com o tempo. Enquanto isso não acontece, o ideal é esperar a criança se acalmar, mesmo que isso retarde um pouco a administração do remédio. Uma outra alternativa é fazer enquanto a criança dorme.



Fonte: Rubin, BK. The delivery of inhaled medication to the young child. Pediatr Clin N Am 50 (2003) 717-731. Whittington Health NHS: Using a spacer device with your child.


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Sobre cães e gatos.

     Cães e gatos ainda são considerados "vilões" com relação à asma. Mas não é bem assim... É muito comum os pais de asmáticos perguntarem: "Posso comprar um cão/gato para meu filho?" ou "Tenho que me desfazer do meu animalzinho de estimação?".

     Portanto, vamos esclarecer algumas questões acerca desse tema.
     1- Não existe raça de cachorro/gato que seja menos alérgica que outras.
     2- O comprimento do pelo do animalzinho e a quantidade de pelo que ele solta não faz diferença quanto à chance de a pessoa ter mais ou menos reações alérgicas.
     3- As reações alérgicas relacionadas a cães e gatos estão vinculadas com proteínas (alérgeno) encontradas na pele, saliva e urina desses animais. Portanto, o pelo em si não é o problema. A questão é que as proteínas da pele, da saliva e da urina se aderem ao pelo.
     4- Quando existe evidência de que a criança é alérgica ao animal e isso influencia significativamente no controle de sua doença, pode ser necessário que a família se desfaça dele. Contudo, pode demorar mais que seis meses para a casa se veja completamente livre do alérgeno. Manter o animal fora de casa é uma solução paliativa que não resolve completamente o problema.
     5- Somente a existência de um teste alérgico positivo não é suficiente para dizer se um paciente tem ou não alergia. É necessário que haja sintomas frente à exposição aos animais.
     6- Converse com seu médico para saber qual a conduta mais adequada no seu caso. As decisões a serem tomadas podem ser discutidas e nem sempre temos que impedir o contato com os bichinhos que as crianças tanto adoram.


Fonte: UpToDate e Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia pelo link http://www.aaaai.org/conditions-and-treatments/allergies/pet-allergy.aspx (acesso em 7-2-14).